(In)verso
No dia de hoje comemoro meu primeiro chimarrão. Pode não ter ficado uma bebida dos deuses, mas também não me saí tão mal assim. O velho ficaria orgulhoso, apesar de um pouco irritado por causa da bomba que insiste em não se ajeitar e entupir. Parece certo de que a recompensa por essa pequena vitória seria um sorriso e um colo e um pequeno pedaço de mim ficou esperando por isso mas quando dei por mim, estavam o chimarrão pronto, a térmica, Rilke e suas cartas a um jovem poeta, uma carteira de cigarros e eu, fitando um prato com migalhas de bolo de milho que formavam acidentalmente a letra "U".
Então, me dei conta que preciso parar de esperar por esses colos. Eles já estiveram lá e sempre estarão, ainda que a parte física seja de ausências. Ao observar a foto com cuidado e tentando um desapego ainda que impossivelmente indolor, o anseio de ter aquele colo novamente deu lugar a vontade de passar adiante o que me ensinou o velho, com tanto carinho e paciência. Vontade de ser o colo, de ser as mãos da segurança sem segurar, de ser a ternura do olhar.
De ser, somente. E vibrar silenciosamente com o primeiro ronco do primeiro chimarrão junto com quem toma conta do colo.
"(In)verso" by Bibiana Campos is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 2.5 Brasil License. Based on a work at She Always Ends. |
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